Se sou mais que uma pedra ou uma planta?
Não sei.
Sou diferente.Não sei o que é mais ou menos.
Fernando Pessoa.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Medo,espasmos, laços, caos necessário, sucessão de infinitas esperas,
O vapor de um café barato.
Alma que flui...desejo que vaga...ruínas de um passado não ido.
O chão coberto de folhas, sementes e impermanências.
Estalos ,delírios, dilemas, fantasmas ,poemas, faróis, braços e abraços.
Um corpo transverso, um copo vazio.
outro corpo.... perverso.
Um corpo atravessa outro corpo na rua; 
e sangra ,
o gosto amargo de outros contornos que surgem pela cidade.
Resta um silêncio azul  que atravessa a pele... 
Feito meu grito mudo na tua janela que nunca abre.
De tudo me faço pouco, 
De tudo me faço um pouco.

Saudade é o oposto do vazio.
Saudade é excesso,
é inundação....um cheiro, um som, um gesto.
Um segundo e o instante é outro,
um pensar e sou o oposto de qualquer seta que determine tempolugar.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013




Num deslize entre o sono e o sonho, abre-se  sob os pés, uma imensa fenda com um por do sol vermelho.
Surreal é esta impressão de que há verniz na história.
Quem somos se já não vivemos?
Se a arte é pura vaidade?
E o amor,tornou-se há muito fraqueza dos loucos???
As frases escritas nos muros,
Os desenhos pintados na tela,
A música que invade a alma...
Tolice,Alice,tolice.








terça-feira, 4 de junho de 2013


Museu do meu cansaço.

Despejo  medos e desejos em grandes paredes azuis.
Coleciono fraquezas e sonhos, esculpidos em matéria frágil.
Tudo exposto .
À venda .
As flores.
A natureza morta.
A tela viva.
As memórias...  o eco daquilo que um dia foi sorriso,
O  peso dos meus amores,
O cansaço, de passar este passado desalmado.
Tudo exposto.
DesVenda.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

De que servem as intermináveis insônias,
Se resta apenas dobrar a esquina e continuar no mesmo caminho????
Tolas poesias, leve desatino, pensar que há um foco, um domínio.
Ouço palavras vagas, promessas vãs,
Ouço saudades antigas, que soam cantigas ao sol outonal.
Não há nexo em teu sentir, dizem,
Não há continuidade em teus passos,
Não,
há!!!



segunda-feira, 11 de março de 2013

Um café, ah, um café!
Que desperte o passo,
Que estimule o baço, o braço e o coração...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Outra vez,
aquelas palavras sufocam o peito do poeta.
Tomando de um só golpe,
garganta , pescoço, a nuca tensa, os cabelos desgrenhados e as cordas do violão...
não é dor,
não é amor, nada.
Apenas o vômito silencioso da alma sob todo o vazio da pele,
o desejo que morreu,
o sonho que há muito já não possui sentido algum.
a necessidade de alívio,
de alongar os olhos e olhar o mar,
de despir-se
diluir-se
ir
e ficar.












terça-feira, 13 de novembro de 2012

Na alma,uma voz sabor poejo.

Tatuagem.

A cada voo,
um pouco de cor nalguma parede desavisada.
A memória, e as letras são exatamente o oposto daquilo que o tempo parece dizer.
Até mesmo a lua, continua eternamente suspensa nas folhas de uma sequóia qualquer...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012


A insustentável leveza de ser.


Doses nada módicas de insônia,
Um amanhecer vermelho cheirando a café preto.
Na tela, a dissolução dos tons.
Na alma, o mesmo livro do desassossego...
As páginas abertas, em branco...
Esperando o desdobrar da história.
Na memória, a velha casa da esquina...
onde morava o menino louco que vomitava sonhos.
Nada mais existe.
Apenas pulmão e fumaça.
Apenas ruínas e pó.




Uma impaciência do tamanho exato dos sonhos.

terça-feira, 27 de março de 2012



SEI QUE NADA SEI....

Tempestade,
Castelos de poesia amontoam-se,
destroços de frases e fases;
malabares que nunca foram ao ar...
Aqui dentro, esculpe-se uma nova mesma alma , de pés descalços e nenhuma calma,
apenas a sede imensa de viver.
A vida é breve!!!!Breve!!!Brava!
A cada dia um  a menos... 
A cada hora um a  mais...
De que vale ser apenas um corpo movido a pilhas e perdões?
De que serve tornar-se apenas um cabide vestido de códigos e verdades fingidas?
Silenciosamente, multidões se agitam em meu peito!!!
É estúpido querer mudar o que aqui está, porém  é causa mortis a imobilidade!
Sei que poesias demais acumuladas em mim transbordam sempre dedos afora,
olhar adentro....movimento atento,
Sei que a madrugada finda e o outono chega...
Sei desta minha alma nova!
Desta ruga nova!
De ser posta a prova,
a cada respirar...



sexta-feira, 2 de março de 2012

Lista de assinaturas do abaixo-assinado pelo Tombamento ( Preservação Legal) do Clube Concórdia- Santa Rosa-RS

Lista de assinaturas do abaixo-assinado pelo Tombamento ( Preservação Legal) do Clube Concórdia- Santa Rosa-RS
...
Hoje me bateu saudade de poesia.
Excesso de realidade!
Os trabalhos e os dias. Ou, De Fábulas se fez Esbórnia.

O ano, 2012,a cidade, Esbórnia, local  pitoresco que já inspirou poemas e canções.
Os jornais velhos que dançam pelo ar, trazem em si notícias desenhadas pelas mãos do moço contratado para reproduzí-las, lapidá-las , torná-las convenientes aos interesses do Grande Irmão.
A cidade, Esbórnia, se caracteriza pela semelhança com contos de fadas; e seu rio e ar cada dia mais poluído, orgulhoso símbolo de desenvolvimento econômico.
As ruas a cada dia exibem novo caixote, onde amontoam-se pessoas com seus cães, gatos, o queijo e os vermes...
Em becos escuros amontoam-se artistas e poetas, sobreviventes resistentes da grande revolução.A pele impregnada de tintas e sonhos que diluem-se a cada dia,  reconstroem-se heroicamente apoiando uns aos outros e jamais dormem, pois sabem que ainda não realizaram nenhum dos doze trabalhos.Mas nem sempre foi assim, pincéis já serviram de armas.Poetas já mataram a poesia!
A cidade, permanece submersa em nuvens estáticas e ações de manutenção do poder, a fala como na época da grande ditadura, também pode  levar a morte, não a morte física mas aquela que há muito estão acostumados a praticar, a morte pelo cansaço, pela destruição da poesia que ainda é possível ver,a morte pela desistência de se lutar por aquilo que se julga digno...
Alguns viram seus rostos para o lado, dão o último suspiro e seguem, mais burocratas e mais felizes, afinal para que serve a poesia??? quem se alimenta de arte????? Quem consegue morar dentro de um livro ou escultura?Seguem... com sorriso no rosto, dinheiro no bolso e  alma vazia.
E este vazio tem sido o que mais existe na pequena Esbórnia, este ano , eleitoral, as falas estão mais e mais vigiadas, as ameaças veladas são tão corriqueiras que poucos ousam falar o que pensam...e mesmo após a morte por desobediência, do moço que lapidava o jornal, nada mudou. Grandes asfaltos, cortando o verde maquiam elegantemente a destruição da história...e poucos percebem, pois estão por demais ocupados com a aquisição do novo carro,que irá inaugurar o novo asfalto... os novos caminhos, que levam ao novo paraíso  prometido.
Muitos, amedrontados e inseguros diante de tão estranha realidade, aguardam imóveis que Prometeu repita alguma façanha desestabilizando os deuses e devolvendo-lhes a força e não o fogo..
Esbórnia, vive hoje, ano eleitoral.
Esbórnia ,vive hoje, o ano que não acontecerá.
E aqueles inúteis, os poetas, demoram-se demais para realizar os doze trabalhos de Hércules e finalmente libertar Prometeu...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Devaneio encantado...

Em delicadas caixas de ninar, guardo meus sonhos...
Guardo teu olhar !
Escondo meu sono!!
Bailarinas encantadas escrevem sua dança nas asas de um pirilampo,
e o mundo tão vasto e gasto torna-se luz e cor.
Guardei meus sonhos, em delicadas caixas de ninar..
E agora, deito este corpo cansado, em nuvens inexistentes
para que as antigas cantigas adormeçam meus pensamentos....

terça-feira, 11 de outubro de 2011



Pensar e escrever, ler e pensar e escrever,
Reorganizar o universo, o momento e o verso.
Conhecer, reconhecer, pertencer a algum lugar mesmo sem estar.
Não apreender o desenho, a forma, apenas o olhar...
Deixar a cor viver.
Ser e não ser,
Crer no tolo egoísmo de aceitar o cada um e seus caminhos, posto que a brisa não é leve ...
O destino é incerto, para todos !
Tanto o do beija-flor
quanto o da flor que é beijada.....

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sobre mais uma madrugada.

Há um poema preso na garganta, resultado de um saber que não deve ser dito.
A verdade, em todos os sentidos é perversa.
A mentira em todas as ocasiões gera ansiedade.
Há um pássaro preso na gaiola aberta,
Há o tempo perdido na gaveta, as poesias no bolso e os sonhos nas mãos,
A tinta tinge a tela, assim feito esta velha madrugada que se transforma em um novo dia.
E as frases surgem, curtas, inquietas desmaterializando insônias erros e desatinos.
O mundo parece não ter lógica, ou pior, faz o maior sentido!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

....


Entre cores obscenas, recortes e instruções,
A sensação pós-finita da ausência de liberdade.
Entre vozes e batatas, resta a arte não vista,
O esboço não compreendido,
e a alma que abandona o velho corpo no brechó.