Se sou mais que uma pedra ou uma planta?
Não sei.
Sou diferente.Não sei o que é mais ou menos.
Fernando Pessoa.

domingo, 28 de novembro de 2010

Fome.

Na padaria da esquina,
a menina,
vende sonhos embrulhados em papel  nostalgia.





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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

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Fico bem,
quando tudo transborda em poesia...



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Chá de poejo.

Os dias de silêncio são da escrita, da tinta.
Os dias de vazio, são os que transbordam em  cores e  letras.
Nada é vazio portanto.
Mas quem é que arrisca dizer a verdade?
São tantos motivos fingidos... ( que o vazio até me parece confortável)
Tanto intelecto onde não há...( que as palavras até me parecem desnecessárias.)
O ciúme doentio que seca as águas doces...
O sal que resta, salgará quantos pratos? quantos peixes, que já não mergulham no mar?
A brasa que queima ainda,
resto da fogueira que  foi,
aquecerá mãos, ou restos de animais?
Aquecerá amores regados a vinho, ou lareiras solitárias na madrugada?
E o chá de poejo servido...
será o som da tua voz em meu ouvido...?
ou apenas líquido que derrama e queima a pele e os sentidos?





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Sobre as palavras que são elas mesmas...

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Sempre penso uma
e falo outra
coisa...
Sempre falo uma e
compreendem outra
coisa...
E se falo apenas coisas, este fato já basta para que meu dizer seja
nada,
branco,
feito página pedindo para ser tingida...
feito boca pedindo para ser beijada.

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Personagem.

Desejava ser Macabéa a ponto de não me importar
Porém vejo-me Ismália, a ponto de enlouquecer...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ismália ou Macabéa.

Tenho tido olhos diferentes para o mundo  nos últimos anos.
A cada dia percebo mais a finitude e a inutilidade desta corrida materialista que nos consome e impede de ver que o único motivo da vida é viver, e que no fim, o silicone  e a mortalha Armani viram pó, bem como indivíduo que os usava.
A única coisa que diferencia um morto do outro é sua vida.
Entre  buscar a distância saudável entre  eu e eu mesma, impedindo que estas loucuras todas me desdobrem em inúmeras, resultei-me esta:
Estranha, inquieta ...com necessidades de compreender o ser humano, porém as voltas com a dificuldade em conviver com este espécime diverso.
Tem locais em que simplesmente flutuo...pairo acima... sou Antoine Roquetin tomado pela náusea,
Preciso de doses módicas de contato humano...para logo após fechar-me em mim mesma e assimilar este contato...compreendê-lo, digeri-lo.
Nem de longe depressão...a cada dia sinto-me mais feliz por fazer parte desta vida e mundo.
Um céu estrelado me basta,
O teo riso...
O que me assusta é isso!
Ser feliz com tão pouco,
Não querer ser feliz o tempo todo,
Sentir-me bem em minha pele e não desejá-la outra...
A sociedade não concebe indivíduos assim...
Não deseja que sejamos simples e desprovidos de pressa...
Precisamos o tempo todo ser melhores, de preferência os melhores, mais ricos, mais desejados, mais corretos e blá...
Estes não são os meus quereres, são de outros e de outros e de outros ainda....que lógica há nisso tudo então?
Em algum momento esqueci que deveria representar.  Desaprendi  toda a peça teatral, as falas e os gestos...
O que me assusta, é a culpa que sinto por ser assim...
Por não ser mais uma excelente personagem ...por já não querer ser, por já não saber como ser...
Por ter este eu, tão grudado em minha própria pele.
E a solidão é quem me suporta....quem me permite tamanha utopia.
É este o preço.