Se sou mais que uma pedra ou uma planta?
Não sei.
Sou diferente.Não sei o que é mais ou menos.
Fernando Pessoa.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Qualquer Música

Hoje acordei com desejos de ser outra.
Outra pessoa.
Ou O Pessoa, que era tantos,
que tornou-se vários.
Fiquemos com ele então...


Qualquer música, ah, qualquer,
Logo que me tire da alma
Esta incerteza que quer
Qualquer impossível calma!

Qualquer música!- guitarra,
Viola, harmônio, realejo...
Um canto que desgarra...
Um sonho em que nada vejo....

Qualquer coisa que não vida!
Jota, fado, a confusão
Da última dança vivida...
Que eu não sinta o coração!

Fernando Pessoa.

terça-feira, 9 de março de 2010

Tudo em paz

O  mundo anda tão barulhento ultimamente, todos gritam, ninguém ouve...
quem ouve não compreende, pois tem seu intímo também a gritar.



Silêncio...
Que bate,
Que toca,
Que sem dizer preenche,
a mente e a alma
Silêncio,
Tão gritante esta minha necessidade,
Só assim recupero a calma.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Viver é para os cênicos ou para os cínicos?

E tem dias, sinto-me virando gente, real, calculista...
As árvores, já não balançam mais poesias em suas folhas.
Os pássaros, apenas gritam uma algazarra involuntária.
O céu torna-se previsível, ou chove ou faz sol.
O outono ,apenas mais uma estação e as flores sempre morrem no jardim.
A arte, passatempo de desiquilibrados.
A literatura, fuga dos sonhadores frustrados.
E nestes dias, acho o mundo tão cruel, sem graça nem cor.
E me percebo sendo alguém que não quero ser.
Rasgo minha pele e tento entrar em mim mesma
em busca de um pouco de esperança, ou um sorriso de criança
ou restos de tinta e músicas derramados no meu interior...
Busco a pureza perdida
o encanto...
me percebo a beira do abismo de mim...das minhas dúvidas e monstros criados,
sinto medo de escolher entre a realidade que o externo cobra.
e a fantasia que por dentro obra.
E sigo assim...
Tem dias que sou eu mesma
e em outros apenas represento todos os papéis
que o mundo me exige,
que as convenções me propõe como padrão.
Sem variações...sem perdões.
Sem muitas invenções.