A cada dia valoriza-se mais o espetáculo, a notícia mais lida é a catástrofe, a polêmica rende muito mais que o consenso, o acidente muito mais que a normalidade, a crítica muito mais que a busca por soluções. E não são poucas as organizações dos meios culturais que, percebendo esta preferência da imprensa, e porque não dizer, aproveitando-se da subjetividade da arte contemporânea, se especializaram em ações espetaculares.
Grandes artistas e eventos da moda induzem e atraem uma quantidade considerável de público, contribuindo para que uma minoria tenha grande cobertura de imprensa, influenciando assim inclusive, as empresas patrocinadoras de projetos culturais a preferirem aqueles com maior apelo comercial e divulgação na mídia.
Cria-se assim um pacto em torno da cultura-espetáculo. O que não seria causa de preocupação tão grande, não fosse à coincidência de que a maioria destes eventos culturais oferecidos ao público carecem de embasamento cultural propriamente dito.
A conseqüência desta superficialidade é principalmente a velocidade com que surgem e desaparecem os ícones do momento, e percebe-se isso na literatura, na música, nas artes plásticas, cinema, seguindo arte adentro, fazendo com que o público torne-se um verdadeiro depósito de culturas descartáveis e os artistas meros repetidores de fórmulas certas, nada acrescentando ou só fazendo aumentar o monopólio artístico que nos cerca, permitindo que a indústria cultural, não apenas adapte seus produtos ao consumo de massas, como, em larga escala, determine o próprio consumo.
A constituição garante a liberdade de expressão,a liberdade de imprensa,assim como garante o direito á educação e cultura, consequentemente, a lógica seria propiciar que, de um lado a expressão seja livre,e de outro, que a sociedade tenha condições de filtrar conscientemente aquilo que é ou não útil para seu crescimento como um todo.
Um passo positivo em relação ao apoio á produção cultural que não é de interesse estritamente comercial, tem sido a criação de conselhos municipais , fundos de apoio, reformas nos sistemas culturais , inclusive a realização de conferências de cultura que viabilizam e estimulam o debate e conhecimento, buscando propiciar formas de democratização cultural, tendo como resultado o equilíbrio da diversidade cultural e envolvendo os interessados como parte atuante neste processo.
Assim como a arte, a imprensa não é um fim em si mesma, porém é um dos meios indispensáveis para se consolidar a democracia e o desenvolvimento intelectual da sociedade
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