Se sou mais que uma pedra ou uma planta?
Não sei.
Sou diferente.Não sei o que é mais ou menos.
Fernando Pessoa.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Primavera em mim...

Chove lá fora,
Primavera aqui dentro,
Algumas flores despetaladas desprendem-se ao tempo...
Um encontro afoito na porta antiga,
Dois pássaros molhados que insistem em cantar...
A manhã passa lépida,
A poesia é estado
liquido feito a chuva...
Desliza, toma forma e deforma-se,
Restam estas letras tortas, porém carregadas de perfumes,
de outras eras, de outras iras já quase escassas...
Restam ainda aqueles mesmos jardins da primavera passada,
todos com suas novas flores, todos com seus antigos tons.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sem título.

Acho que vou construir uma casa na árvore!
No meio do mato, onde o som seja o do vento, do ar , do mundo natural.
Nada de musiquinhas grudentas eleitorais.
Nada de cuecas cheias de dinheiro.( e o povo apenas a observar.)
Nada de jornais noticiando o último crime do dia,ou a última cor do esmalte da moda. ( Pasmem, mas outro dia no jornal,ao meio dia, a comentarista passou do assassinato de uma criança para as novas tecnologias oferecidas por empresas que produzem esmaltes, com uma naturalidade espantosa!)
Seria uma tentativa de distrair o telespectador e livrá-lo de uma idigestão certa,após um cardápio de notícias ruins?
Não sei....dizem que ando paranóica.
Dizem também, que ando meio chata com esta mania de desesperança.
Dizem que o mundo tem jeito, mas também que termina no ano que vem...
Também que sonhar é preciso, mas quando sonho,dizem: acorda, Alice!
Acho que serei esta eterna adultescente, querendo morar numa casa na árvore.
E querendo sempre mais árvores, sempre mais verdes, sempre mais pássaros e folhas que levam poesias ao vento...ao espaço , neste mar onde misturam-se ondas e gentes.
Preciso de internet, é claro! Ninguém é livre de determinadas necessidades contemporâneas!
No mais, tinta , pincel,e um papel que me aceite.
Nada de televisão!
Me intriga o poder que detém este meio de comunicação. Um monopólio de informações dividido entre esta e aquela rede poderosa.
Elegem e derrubam  governos!
Nos intervalos uma dança rebolattion ou resultado de futebol.
Repito que, acho isso tática marqueteira  prá não dar tempo de muito pensamento!
Para nos enfiar goela abaixo o nível de Q.I. que pretendem nos permitir.
Definitivemente na minha casinha da árvore, nada de tv a cabo, parabólica, hd, dvd notícias ruins e afins...
Óbviamente, que a casinha será aqui no quintal de casa e vai dar prá ver uns filminhos escolhidos a dedo , vez ou outra...
Enfim, acho que todos mereciam uma casinha na árvore para fugir, abstrair ou ficar em compania de si mesmo.
Sentir-se! Ser!
Livrar-se da mídia, dos pré-conceitos, das pressas,
Viver por instantes na casinha da árvore na floresta do alheamento.
Depois como manda a etiqueta, descer cuidadosamente as escadas até tocar novamente os pés no chão, e esperar o próximo capítulo da novela ( ou seria do novelo?) que desenrola-se no senado.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Eu, depósito da poesia que fui.

Tenho tido bloqueios para escrever poesia.
Já não quero mais escrever sobre a pressa, sobre a vida, filosofias vãs e conceitos falhos.
Minha memória poética está temporariamente em branco, assim feito a palheta de cores.
O mundo real terá me vencido?
Para poder seguir, teria eu apagado tudo?
Confesso que é mais comodo não sentir!
Muito mais fácil ser outra, fingido que ainda sou eu... ou ainda, ser eu fingindo ser outra.....
Torno-me menos alvo a espera da seta.
Cansei das noites de insônia e dos olhares enviesados...
Cansei de ser eu sempre a estranha a quebrar as normas,
a dizer verdades que depois me fazem sentir mal...(mesmo sendo verdades.)
Não estaciono mais diante de uma flor no jardim...( Não quero mais que me pensem borboleta)
Não fico comentando com alguém o por do sol...
não falo mais o que sinto sobre o pulsar da rua de pedras com a casa abandonada,
não fico a discutir com os outros teorias sobre arte e amor.
Tenho sido uma pessoa agradavelmente normal, porém, esta normalidade é o que paira entre minha alma e pele ocupando o espaço da poesia.
Colorir o dia,
ressignificar o feio, tripudiar o belo,
Destruir conceitos absolutos...
Pensar, acreditar e viver em um mundo diferente mesmo que seja o "Meu".
É isso que me move, que me mantém..
A vida sem poesia é um mundo sem cor.
A realidade sem poesia, é a tortura de uma pequena morte diária...
Uma música sem som...
Já nem sei, se sou quem fui um dia ,ou se amanhã ainda serei eu mesma.
Já nem sei em qual gaveta guardei aquele bilhete em branco que estava sob a mesa.