Se sou mais que uma pedra ou uma planta?
Não sei.
Sou diferente.Não sei o que é mais ou menos.
Fernando Pessoa.

sábado, 23 de abril de 2011

Ser feliz para não ser mau?!




Não há como fugir ao assunto: O ser humano a cada instante está mais próximo da maldade, prova disso são as notícias diárias que ouvimos, no rádio, televisão, jornais e outros meios de comunicação e acima de tudo à quantidade de atitudes do tipo que nos atingem diretamente a pele.
Já defendia Rousseau, que o corrompimento do  caráter do indivíduo se dá em função do meio onde vive, e devemos reconhecer que, vivemos  em um século onde simplesmente atropela-se o outro, afinal, quanto mais gente for derrotada no caminho da “evolução”, quanto mais gente parecer doida ao pensar seus próprios pensamentos, menos alguns para disputar holofotes ou grana dentro do cercadinho que estipula aquilo que é “viável e normal”.
Observo tristemente que não há setor do mundo que fuja a esta regra: Transformar em degrau, o outro. Anular as opiniões que desafiam o sistema estabelecido. Acontece em todos os meios, das artes plásticas à literatura, do grande supermercado ao boteco da esquina, do hospital bem equipado ao postinho da vila, das comadres que se juntam para falar da vida alheia aos paparazzi, que da mesma forma alimentam-se e  alimentam-nos de futilidades.
E os governos então?
As hierarquias?
A justiça e os grandes burocratas?
Seguindo esta linha de raciocínio parece-me que o grande responsável por transformar a maldade humana em veículo de conquistas é o poder... é este que cega nossos olhos impedindo o desenvolvimento coletivo.
É a busca pelo poder que nos estimula a correr vida afora, desejar o ultimo lançamento da moda, o carro do ano, manter o status quo, é a obtenção do poder que nos instiga a eliminar inclusive aqueles que nos acompanharam na jornada até ele.
Questiono a mim e aos leitores: Quais são nossas pequenas maldades diárias? E alguns responderão: Eu sou do bem, vou à igreja, pago minhas contas, não faço nada errado!
E qual é o conceito de erro?
Há muita amargura no cotidiano das pessoas, vamos criando rugas e guardando nossos sonhos mais verdadeiros no lugar mais sombrio e profundo de nossa alma, para que ninguém possa atingi-los e sufocar aquilo que nos faria feliz um dia ...
 Vivemos presos a conceitos e regras e isto é estar a um passo da falta de sentido, das atitudes mais estúpidas, pois se nego a mim mesmo o direito de viver em paz e feliz como vou desejar a paz e felicidade daqueles que me aprisionam?
Como viver a vida toda esperando o momento certo, se a única coisa certa que nos espera é a morte?
Amizade sincera é artigo raro. Olhar no olho pode ser mal interpretado!
Torna-se óbvio que, o ser humano evoluiu muito mais cientifica de que espiritualmente e agora não há coerência entre o que criamos e o que sentimos, o tempo a cada dia mais veloz vai transformando definitivamente o mundo, como já dizia Cazuza, num museu de velhas novidades.
O grande problema é que para as mazelas espirituais da sociedade não há invenção que as solucione, posto que, cada ser é um universo, cada ser é um mundo ou uma estrela que possui brilho e órbita própria. A única grande esperança é o reconhecimento dos valores humanos tendo em mente o respeito à individualidade de cada um e às suas preferências e opiniões.  Ou tocamos nossos filhos com o beijo do amor ao nascer e para isso precisamos estar dispostos a reaprender a amar, ou seguiremos este processo de autodestruição do planeta e de nós mesmos... ou aprendemos a perdoar nossos próprios erros e o dos outros,ou morreremos sem extinguir a sede de vingança em relação a um mundo que nós mesmos tornamos imperfeito.


Um comentário:

  1. E por tornarmos este mundo imperfeito estamos sempre a achar que não há mais jeito e caímos numa insatisfação profunda...
    Tudo isto prova que somos responsáveis pela forma como vemos e vivemos o MUNDO...
    Abraços

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